quinta-feira, 13 de novembro de 2014

mulher que protestou nua em Porto Alegre


'O corpo foi o que restou', diz mulher que protestou nua em Porto Alegre


Betina Baino, 35 anos, voltou a treinar lutas após protesto na capital.
Ela conta que chegou a se prostituir, e agora quer reconstruir a vida.


Betina Baino, "peladona" vista correndo na perimetral em Porto Alegre (Foto: Paula Menezes/G1)

Com dificuldades financeiras e em busca de emprego, a mulher que foi flagrada caminhando nua por uma das avenidas mais movimentadas de Porto Alegre na última semana busca um recomeço na vida e no esporte. Betina Baino, 35 anos, está treinando na academia de um amigo e morando em uma pensão na Zona Norte da capital. Uma semana depois do ato de protesto que classificou como "desabafo", a lutadora de MMA diz que não se arrepende da manifestação.
Pelo contrário. Ao receber o G1 nesta quinta-feira (13), falou com tranquilidade sobre sua relação com o corpo e até com a prostituição, que admitiu ter praticado por sobrevivência (veja um trecho da entrevista no vídeo ao lado).
“Foi um conjunto de fatores de ordem pessoal. No caminho, fui pensando. Estava tão desamparada. Não tenho onde morar, não tenho dinheiro. Meu corpo foi tudo o que me restou", afirmou. "Escuto elogios pelo meu corpo. Foi bom correr na chuva, ótimo. Eu não sou louca, tive que engolir muita coisa. Mas não tinha a quemO desabafo da lutadora em meio ao trânsito de Porto Alegre foi o segundo caso de nudez pública registrado na capital. O primeiro ocorreu em 30 de outubro, quando uma jovem foi vista correndo nua no Parque Moinhos de Vento. No domingo (9), uma mulher foi vista correndo pelada no Centro e um ciclista caminhou nu pela Avenida Carlos Gomes.
"Foi um grito de liberdade. Ainda tenho o meu corpo, tenho a minha saúde, então eu tenho tudo", desabafou. Em seguida, mandou um recado aos críticos. "Eu acho que o que é bonito deve ser mostrado. Eu não vi muitas críticas, mas... beijinho no ombro delas".
Betina se diz cansada. Quando conta do filho de três anos, que é impedida de ver, não consegue segurar as lágrimas. Perdeu a guarda do menino e foi interditada judicialmente, que a impede, por exemplo, de assinar contratos e vender bens.
A criança e a filha mais velha, de 17, moram com os avós maternos. Segundo ela, a situação foi gerada por causa de um relacionamento conturbado com o pai do filho mais jovem, que envolveu brigas e o uso de drogas.
“É uma dor muito grande. Eu tentei vê-lo e meus pais chamaram a polícia. Não tenho medo, mas eles tiram do menino a possibilidade de conviver com a mãe. Meu pai, que é médico, não aceita minhas atitudes”, lamentou. pedir, não tenho quem me representa”, disse.
A lutadora quer ter dinheiro para se sustentar, só não sabe em que área conseguirá um emprego. Já cursou direito e serviço social, mas não concluiu as faculdades. Até agora, tem procurado fazer entrevistas e afirma que seus amigos não a deixam desamparada. Tanto que, em meio à conversa, parou em uma banca de frutas localizada em frente à academia para pegar uma banana, dada pelo dono do local.
Primeiro programa foi em junho
Betina diz que sempre foi praticante de artes marciais, como o muay thai. O MMA entrou em sua vida há pouco mais de um ano. Lutou cinco vezes no período de nove meses.
Betina Baino, "peladona" vista correndo na perimetral em Porto Alegre (Foto: Paula Menezes/G1)Durante o tempo em que se dedicou com maior esmero ao esporte, trabalhou como faxineira, tarefa que a ajudava a manter “os braços fortes” e a pagar contas para morar junto com uma amiga. Desistiu por receber pouco dinheiro e então optou por ser stripper.


Primeiro programa foi em junho
Betina diz que sempre foi praticante de artes marciais, como o muay thai. O MMA entrou em sua vida há pouco mais de um ano. Lutou cinco vezes no período de nove meses.
Durante o tempo em que se dedicou com maior esmero ao esporte, trabalhou como faxineira, tarefa que a ajudava a manter “os braços fortes” e a pagar contas para morar junto com uma amiga. Desistiu por receber pouco dinheiro e então optou por ser stripper.
Betina largou os treinos diários e foi para o interior do Rio Grande do Sul. Morou em cidades como Passo Fundo, no Norte, e Flores da Cunha, na Serra. Por lá, passou a se prostuir. Praticava pole dance (dança sensual) em casas do ramo e realizava os programas. Resolveu voltar para Porto Alegre meses depois, com a certeza de que deixaria a vida da prostituição.
“Meu primeiro programa foi no dia 12 de junho, justamente o Dia dos Namorados. Era horrível, tem cada coisa que vi nesse meio. Precisava beber para fazer os programas, e beber não combina com a vida de atleta. Me prostituí até em calçada, de dia, para conseguir comida. Antes de voltar a Porto Alegre, dormi dois dias na rodoviária porque não tive como trocar a passagem. As pessoas me davam comida. Agora estou aqui”, relata.
A lutadora garante que não precisa de tratamento psicológico. Se considera limpa das drogas, que não usa há dois meses. Quer mesmo é praticar esporte e trabalhar no ramo das lutas. A paixão pelo MMA é forte. Segundo ela, foi o que salvou sua vida quando estava em uma forte depressão. A falta de incentivo a preocupa, mas não demonstra estar desanimada. Entre uma ajuda e outra, promete se reerguer.
Betina Baino, "peladona" vista correndo na perimetral em Porto Alegre (Foto: Paula Menezes/G1)

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