segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

"Eu não paro de lutar não. Campeão é campeão", desabafa Maguila

"Eu não paro de lutar não. Campeão é campeão", desabafa Maguila

Ex-pugilista foi diagnosticado com mal de Alzheimer em 2010 
Do R7
Maguila foi diagnosticado com Alzheimer em 2010; a doença  não tem cura

O Domingo Show desta semana dedicou seu quadro principal a um homem que por muito tempo esteve nos ringues colecionando vitórias para o País. A entrevista com o ex-pugilista Maguila, não foi apenas uma homenagem, mas também uma maneira de chamar atenção para uma doença pouco conhecida entre os brasileiros: o mal de Alzheimer.

Confira a entrevista na íntegra. 

José Adilson Rodrigues dos Santos nasceu em Aracaju (SE), chegou a comer pão com banana — quando tinha o que comer — e trabalhou como pedreiro para ajudar a família.  

Como qualquer criança, Maguila tinha um sonho. Mas, diferente de muitos, ele teve coragem de se mudar para São Paulo quando novo em busca de uma oportunidade.

— Sempre quis ser boxeador. Desde os 12 anos.

Perguntado se os pais se opuseram à carreira escolhida, Maguila disse que o pai deixou o destino em suas mãos.

— Meu pai falou: se é isso que você quer...

— Aí comecei e dei alegria pro povo e para o Brasil. Tenho orgulho de ser brasileiro.

#SomosTodosMaguila: Entrevista com o ex-lutador é o assunto mais comentado no Twitter

Quando a chance apareceu, Maguila a agarrou com todas suas forças, assim como fazia com seus adversários. O lutador recebeu grande incentivo do locutor Luciano do Valle, falecido em 2014 vítima de enfarte aos 66 anos.

Para se ter noção do que Maguila representa para os brasileiros, Geraldo Luís revelou durante a atração que não tem problemas com segurança e sempre é muito confiante em suas entrevistas. Ao saber que ia encontrar o ídolo, ele confessou ter ficado emocionado e ansioso.

Antes de ficar cara a cara com Maguila, Geraldo conversou com a atual esposa do lutador, Irani Pinheiro, que deu detalhes da rotina do marido.

Nas redes sociais, fãs parabenizaram Irani pelo companheirismo, já que é necessária muita paciência por parte de quem cuida de um paciente com Alzheimer.

História de amor

A doença afeta, sobretudo, a memória. É por isso que a cada momento relembrado por Maguila, uma comemoração — por parte de Geraldo, Irani e todos que assistiram ao programa. Exemplo disso é história de amor contada pelo próprio pugilista, que demorou dois anos para conquistar a mulher.

— Eu ia comer pastel na feira e ela trabalha numa escola de datilografia do lado da barraca. Aí olhei e me apaixonei.

Ele revelou ainda que ela era a “moça mais bonita do bairro” e que a paquerava por meio de bilhetinhos.

— Tinha uma amiga dela, a Marlene. Ela levava uns bilhetinhos que eu mandava. Aí devagarzinho eu conquistei.

E depois disso já são 30 anos juntos.

Como companheiro, Maguila disse ser uma pessoa fácil e que a brava da relação é Irani.

—Sempre fui calmo, tranquilo. Ela é brava. Brava pra caramba.

Assim como “quebrava” seus adversário, Maguila conseguia acabar com as desavenças de um jeito muito doce, de acordo Irani.

— Ele dizia “ô morena bonita”. Aí quebrava aquela briga toda.

As lembranças não param por aí.

— Quero mandar um abraço pro cara que me dava carne. Era pra ficar bem forte.

Vale-tudo e MMA 

Além de reviver sua história de amor, o lutador reafirmou sua opinião sobre as outras modalidades de luta, como vale-tudo e MMA.

— Pra mim aquilo é briga de rua. Chute, agarra-agarra e cotovelada, não tem regra é uma briga de rua. Agora o boxe não. Tem regra, é esporte olímpico.

A aparência de Maguila chocou os brasileiros. O corpo musculoso deu lugar a um senhor franzino, mas que garante que já conseguiu engordar seis quilos.

O visual de Maguila, inclusive, é o responsável pelo apelido derivado do desenho de Hanna-Barbera, Magilla Gorilla. Durante a entrevista, José Adilson revelou que não era muito fã da alcunha.

— Na época eu não gostava não do apelido, eu pensava: quem é Maguila? É aquele macaco do desenho. Eu pareço um macaco é?  Mas aí ficou.

Esperança

O “mal de azar”, como brinca Maguila, não tem cura. Todos sabem disso. Mas não é por isso que a luta vai acabar. E isso, José Adilson deixou bem claro.

— A luta só para quando a gente morre. Quero viver muito. No céu Deus tá vendo. Eu não para do lutar não. Campeão é campeão e não para de lutar.  

A palavra medo não fez e não vai fazer parte da vida de Maguila.

— Não teve nenhuma luta que fiquei com medo. Sempre lutei com coragem. 

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