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segunda-feira, 27 de junho de 2016
Delegado da Operação Tsunami vai investigar denúncias sobre shows
O chefe da Polícia Civil de Pernambuco, delegado Antônio Barros, determinou, nesta segunda-feira (27), que a Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública comande a investigação sobre possíveis irregularidades em cobrança de cachês para shows realizados pelo governo do estado. A denúncia foi feita na quarta-feira (22) pelo cantor e compositor André Rio, que teve vazado o áudio de uma mensagem de WhatsApp de um grupo privado.
De acordo com a determinação da chefia da Polícia Civil, o caso será investigado pela equipe do delegado Isaias Novaes. Essa é a mesma unidade responsável pela recente Operação Tsunami, que resultou na prisão de suspeitos de gestão fraudulenta na Prefeitura de Catende, na Zona da Mata Sul de Pernambuco.
A investigação foi solicitada pela Secretaria de Turismo de Pernambuco. O pedido chegou à Polícia Civil na sexta-feira (24). O alvo da apuração é a gravação espalhada pelas redes sociais. Nela, há denúncia de esquema de propina na Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur) para a contratação de shows.Depois do vazamento do áudio, Rio se pronunciou, pela primeira vez, no sábado (25). Ele leu uma carta aberta e reafirmou o “pagamento indevido de comissão”, mas sem entrar em detalhes de como funcionaria. O artista também não citou nomes.
“Gostaria de esclarecer que o meu depoimento indignado foi contra a política de financiamento cultural do Estado que, em alguns casos, acaba propiciando que intermediários se aproveitem para explorar os artistas, condicionando a nossa participação nas grades de programação das festas dos municípios do interior, a partir de pagamento indevido de comissão”, pontua sem acusar ninguém.
Em nota, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) informou que “vai deliberar sobre a possibilidade de realizar uma atuação conjunta para apreciar o teor das declarações do cantor André Rio” na próxima semana.
Áudios
No primeiro áudio, Rio dá detalhes de como funcionaria o acordo. “Hoje me ofereceram quatro shows na Empetur. Quatro e mais dois na Fundarpe. Acontece que eu tinha que deixar metade do meu cachê de comissão. Tá vendo como são as coisas aqui nesse Estado, como está o Estado? Agora, tem muito artista aqui que aceita. (…) Depois ficam reclamando que a gente é tratado dessa forma. Se todo mundo não tiver uma postura de hombridade, de não aceitar, de denunciar. Eu não pago nenhum tipo de bola”, afirmou.Na mesma gravação, afirma que chegam a cobrar metade do cachê para que os contratos sejam fechados. “Eles têm a obrigação constitucional de promover a nossa cultura. É um absurdo eles chegarem de última hora, oferecerem uma cidade longe… Pega o cachê e diz que, no meu caso, o cachê é X e eu tenho que deixar metade do X de ‘bola’ para as pessoas que dirigem esses órgãos, essa esculhambação. Temos que nos juntar e ir ao Ministério Público botar para arrombar nesse
Já no áudio atribuído ao sanfoneiro Cezzinha, ele corrobora as palavras da primeira gravação. “Vi aqui que André tomou uma atitude que já venho falando há muito tempo, que deveríamos tomar. Algumas pessoas devem estar perguntando por que eu não estou fazendo muitos shows… Por conta dessa sacanagem. Eu acho que a gente tem que se posicionar, tem que acabar essa roubalheira toda e tem que se unir. É nessa hora que acho que a gente tem que fazer a diferença. Vamos fazer a diferença se unindo e agindo com atitude”.
Ação do estado
No ofício, assinado pelo secretário de Turismo Felipe Carreras, a secretaria formaliza o pedido de abertura de inquérito policial para apurar a veracidade das informações contidas nos áudios, que falam em cobrança e exigência de vantagens por agentes da Empetur para a formalização de contratos para shows.
“As considerações contidas nas gravações possuem vigor suficiente para instruir a abertura de procedimento investigatório, no sentido de elucidar a verdade dos fatos e estabelecer responsabilidades, inclusive na hipótese de não espelharem a realidade”, diz o texto direcionado ao chefe da Polícia Civil, Antônio Barros.
O secretário Felipe Carreras afirmou que cabe ao denunciante provar as acusações. “Foi feita uma denúncia e ninguém diz quem é o culpado para que possamos punir algum eventual ato ilícito. Agora, quem acusou tem que provar o que está dizendo. Quem fez a denúncia tem que apontar o culpado ou responder pelo que disse”, ponderou Carreras.
Segundo ele, os artistas poderão ser acionados por danos morais, caso sejam os reais autores da denúncia e não consigam provar o que dizem. O G1 tentou contato com os cantores André Rio e Cezzinha, mas até o momento não obteve retorno. A Polícia Civil só deve se pronunciar sobre o caso no início da próxima semana.
Do G1
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