terça-feira, 29 de maio de 2018

Sem rivalidade, Xand Avião e Safadão se uniram para alavancar o forró eletrônico com o clipe de Eu E A Torcida do Brasil.

'Forró era música de empregada e porteiro de prédio', diz Xand Avião sobre a discriminação do ritmo
Faixa Eu e a torcida do Brasil foi lançada no YouTube e em todas as plataformas de streaming. Foto: Diego Moreira/Divulgação
A rixa entre as bandas Aviões e Garota Safada foi enterrada no passado. Xand Avião e Safadão se unem pela segunda vez para alavancar o forró eletrônico e impulsionar as carreiras no eixo Sul-Sudeste com o clipe de Eu e a torcida do Brasil, lançado no YouTube e em todas as plataformas de streaming. “A rivalidade existia entre os fãs, defendendo um ou outro como se fosse o Flamengo e o Vasco”, relembra Xand em entrevista ao Viver por telefone. O título da nova canção faz referência à Copa do Mundo, mas passa longe da temática do futebol. “Muita gente vai ter certeza que é sobre isso, mas não tem nada a ver”, brinca Xand. “Na verdade, é sobre um casal que quer ficar junto e dá  tudo errado entre eles. No final, as pessoas torcem para que eles fiquem juntos e para o beijo como se fosse um gol”, explica. A letra é de Vinicius Poeta, Junior Gomes, Vine Show, Benicio Neto e Renno, e o clipe foi gravado em Fortaleza com direção de Rodrigo van der Put.

O gênero, representado inicialmente pelas bandas, colocou seus vocalistas no front e tem conquistado território com a expansão da agenda de shows de artistas para além das cidades nordestinas. Segundo o vocalista do Aviões, a música foi sugerida por Wesley e vem em boa hora. Os artistas que foram considerados "rivais" e quebraram o gelo durante parceria na faixa Eu vou pagar pra ver, em 2015. "Wesley é uma realidade e sucesso em todo o Brasil. Aproveitamos que a música tem essa pegada e combina com a Copa, no momento em que o forró está forte no país inteiro e aparecendo cada vez mais", aponta Xand. O encontro foi promovido pela Skol.

O líder do Aviões afirma ter desbravado esse caminho e facilitou para os artistas que vieram em seguida. Xand relembra que a primeira vez que fez show em São Paulo com ingressos esgotados foi em 2007. "Estamos em uma crescente. Esgotamos os ingressos no Patativa (casa de show na zona sul de SP), tinha muito nordestino, mas também tinha paulistas. Ali vi que estava agradando e que poderia acontecer". Entretanto, a aceitação do estilo não foi imediata. "O forró já foi muito recriminado. Quando ia fazer show no Rio de Janeiro ou São Paulo, ouvi coisas que não queria ter ouvido. Diziam que ‘não era música’ ou era ‘música de empregada e de porteiro de prédio’”, lamenta.

Para o período junino, a agenda do Aviões será intensa com 34 apresentações no mês de junho. O grupo está escalado para várias programações no estado: Recife (São João da Capitá- 9 de junho), Caruaru (9 de junho), Petrolina (15 de junho), Santa Cruz do Capibaribe (28 de junho). “O que acho mais legal é que esse ano não será somente Nordeste. Faço shows em São Paulo e Minas, o pessoal abraçou nosso ritmo”, comemora.
Assista:
Entrevista // Xand Avião

Lá atrás havia uma rivalidade entre você e Safadão. Isso já foi superado?
Em qualquer segmento existe competição entre os escritórios, é normal. Mas concorrência é muito bom. Aviões estourou primeiro que a Garota Safada. Quem aumentava essa concorrência eram os fãs. A rivalidade existia entre eles, defendendo um ou outro. A gente nunca brigou ou deixou de se falar. Sempre nos tratamos com muita educação. 

Como é fazer parte da programação de festivais nacionais como o VillaMix. O que acredita que levou a mudança?
A mistura dos ritmos. A primeira música de Jorge e Mateus era Pode chorar (2008), foi uma música nossa e que eles regravaram. Todo mundo está bebendo na fonte do outro. Safadão também faz isso. Não tem mais um estilo só, quando a música é boa, o público ouve e se diverte. Derrubamos essas barreiras. 

Com a aproximação do São João é retomada a discussão que o forró tradicional está perdendo espaço nas programações das cidades nordestinas. O que acha desse cenário?
É um assunto complicado. Fui criado ouvindo forró, meu pai era fã de Gonzaga. A festa junina tem que ter a parte tradicional porque é a cara do São João. Mas proibir outro tipo de musica é barrar a vontade do povo. Ficar reclamando não resolve. 

Qual sua melhor lembrança junina?
Sou do Rio Grande do Norte e nosso São João era montar a fogueira e assar o milho no dia 24 de junho. A cidade que nasci era muito pequena, Apodi, e não tinha festa. Nunca me fantasiei de roupa matuta e bigote. Só depois que cresci e viajei com o Aviões é que conheci a grandiosidade das festas de Caruaru, Campina Grande e das cidades no interior da Bahia.
fonte>DP

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